segunda-feira, 5 de março de 2012

Estamos muito atrasados - Bicicletada Nacional

No último domingo, quando saía de casa com minha bicicleta, minha mãe, com olhos d'água disse para eu não fazer essa loucura. Ao ser questionada, argumentou que isso é muito perigoso, principalmente em São Paulo, pois há pessoas morrendo.

Deixei a bicicleta em casa.


Dia seguinte, parado no trânsito, depois de ouvir todos os tipos de buzinas de motos e freios de caminhão, comecei a pensar: "porque estou aqui?". O trajeto que eu faria em 30 minutos se não houvesse congestionamento, agora toma 2 horas da minha manhã. Uma hora e meia de punição, que poderia ser substituída por uma hora e meia de qualquer outra coisa.

É o preço que se paga por não haver a mobilidade adequada para suprir a demanda de trabalhadores. A preocupação com o crescimento econômico é comum, porém ninguém se importa como esse crescimento se dá. É indiferente para o capital como o trabalhador chega à empresa, o importante é que ele chegue no horário.

Assim, a pressa reina no trânsito parado.

Um paradoxo que não seria nunca entendido por uma pessoa que nasceu no início do século XX.

Amanhã, dia 06 de março, mais de 25 cidades irão se mobilizar para a Bicicletada Nacional, em São Paulo será na praça do ciclista às 19 horas. Manifestação que critica a falta de políticas públicas para a mobilidade através da bicicleta e o desrespeito, o despreparo e a imprudência dos motoristas com relação aos ciclistas. Os participantes desse evento lutam para que quem está nascendo no início do século XXI possa estudar o paradoxo da pressa no trânsito parado em suas aulas de história e ainda achar engraçado por sermos, hoje, tão atrasados.

Estamos muito atrasados, por isso continuaremos nos atrasando.