Sentando em um banco sob a sombra de uma jaqueira, o avô pergunta para o neto: Meu filho, qual o sentido da vida? O garoto apenas fita os olhos do avô e sorri. O silêncio faz o velho pensar. Toda sua vida passa em sua frente naqueles preciosos minutos. Lembra-se de traumas e de vitórias, das coisas que deixou de fazer e de todos aqueles que já magoou. Faz um balanço dos últimos 60 anos e não fica de todo satisfeito. Sou feliz? Pergunta-se, olhando para o garoto.
Como se não se importasse com o que o velho estava dizendo, o jovem cai na gargalhada. Eu te fiz uma pergunta! diz o velho com um ar policial.
Nenhuma resposta.
Então o avô se levanta. Com o braço esquerdo põe o bebê no colo, com o direito, pega o paninho onde está amarrado um carrinho vermelho. Caminha com o neto nos braços até sua casa grande. Na cozinha, sua fiel e sempre prestativa esposa prepara o café. A TV está ligada. O velho põe o neto no berço, dá um beijo em sua testa, que dorme de pronto.
A velhinha serve o café em uma xícara de barro e com ar jocoso pergunta sorrindo: Sobre o que vocês dois tanto conversavam lá fora hã?
Dando uma bicada no café bem quente o velho diz: Sobre o futuro.
O de nosso neto?
Não, conversávamos sobre o futuro das perguntas.