é o tempo da vida q se leva, dentro d um trem, da periferia ao centro e ao revés. E qndo se chega, seja qual for o lugar, se foram uma hora e meia p/ ir e o mesmo tanto p/ voltar. E enquanto esperam, mirabolam, sorriem para o celular, dormem, pensam no sexo de ontem, estudam pela 5a vez aquela apostila de inglês. O pensamento está ali, avaliando a veracidade do anúncio da próxima estação, questionando o postulado social geográfico dos lados direito e esquerdo, indo ou voltando, mas sempre-ando
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
O mínimo impulso elétrico supraventricular
O tempo parou. O vento parou. A lua sumiu. O sol morreu. A chuva secou. O gelo queimou. A vida sumiu. O norte se perdeu. A maré nunca mais encheu. O verbo deixou de ser conjugado. Os versos não eram mais cantados. Até mesmo o silêncio não se ouvia mais. Todas as flores murcharam, e com elas se foram as cores. Todos os bichos fugiram, e com eles se foi o amor. E assim se passou cem mil anos e cem mil histórias que não faziam mais diferença. Era como um segundo, era como uma pausa. Uma pausa sem volta. E assim a Terra parou.
(...)
Até que, dentro de um coração fraco, que tanto pulsava e naquele dia também parou, um mínimo impulso elétrico percorreu seus meio-fios e se espalhou supraventricularmente..... até que....até que...até que..até que, até que ele volta a bater. E agora bate forte. O coração. O coração do mundo. O mundo. Que é eu. Que é você. Que é todo mundo.
(...)
E foi assim... que tempo e vento continuaram seu caminho, que sol e lua se eclipsaram, que chuva e gelo se misturaram, que norte e vida se encontraram, que verbo e versos se declinaram, que flores, cores, bichos e amores se abraçaram. O silêncio era apenas uma pausa, um segundo em cem mil horas.
E foi assim que salvaram o mundo. E enfim tudo se ajeitou.
Não era necessário superpoderes ou algorítimos metafísicos complexos, mas tão só um simples e mínimo impulso elétrico.